terça-feira, 17 de novembro de 2009

Real forte e crise derrubam exportações

Real forte e crise derrubam exportações da indústria em 24% no ano


As exportações da indústria manufatureira acumularam queda de 24,1% entre janeiro e setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2008, "a maior redução desde os anos 1980", segundo o diretor do Derex (Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca. Considerando a indústria geral, a queda é de 18,5%.

De acordo com ele, a diminuição nas vendas externas do país tem acontecido por dois fatores: a recessão nas principais economias mundiais e o real cada vez mais valorizado frente ao dólar.

Como as transações com outros países são feitas em dólar, quando a cotação da moeda cai, o volume vendido ao exterior também se reduz. Além disso, com a recessão, muitos países diminuíram sua demanda por produtos industrializados.

Dados do Derex divulgados nesta terça-feira apontam que a participação das exportações no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caíram de 22,9% no segundo trimestre para 21,3% no terceiro, enquanto as importações subiram de 18,1% para 19%. No terceiro trimestre do ano passado os coeficientes eram de 22,5% e 21,3%, respectivamente.

Giannetti afirmou que o câmbio valorizado é ruim para a indústria do país porque, além de reduzir o volume das exportações, aumenta a compra de produtos importados, que ficam mais baratos, reduzindo a competitividade brasileira. "Os números preocupam e exigem um esforço coletivo", disse.

Segundo ele, se o câmbio continuar nesses patamares, em 2011 o Brasil voltará a ter deficit comercial. Para o diretor do Derex, o patamar equilibrado para a taxa seria entre R$ 2,00 e R$ 2,20.

Ele defendeu uma intervenção maior do governo no câmbio, afirmando que a taxação de 2% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o capital estrangeiro é apenas uma "pincelada". Para Giannetti, a alíquota deveria ficar entre 7% e 10% e ser acompanha de outras medidas para combater a especulação no mercado brasileiro.

"O mercado financeiro é quem pressiona o câmbio. O Brasil é neste momento um palco extremamente atrativo para investimentos", afirmou. Ele ressaltou, porém, que estes investimentos tem de ser de qualidade. "Investimentos em renda fixa não interessam ao Brasil, não agregam nada", disse.

Giannetti afirmou que o saldo comercial brasileiro --diferente as exportações e as importações-- deve ficar entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões em 2010, muito abaixo do esperado para este ano, de US$ 25,2 bilhões, segundo o último boletim Focus, do Banco Central.

Com essa queda, segundo ele, o Brasil deixaria de crescer entre 1,5% e 2% no ano. "Estão dizendo que nós vamos crescer 5% em 2010. E isso é bom. Mas poderia ser 7%", disse.

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