quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pressão em Honduras pela OEA

OEA decide enviar missão a Honduras para pressionar por retorno de Zelaya

O Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) concordou nesta quarta-feira, em uma reunião fechada, em enviar "o mais cedo possível" uma delegação a Honduras para convencer o governo provisório a negociar com mediadores internacionais que buscam a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. Nesta quarta-feira, milhares de hondurenhos iniciaram, em diversas regiões do país, caminhadas em direção a Tegucigalpa e à cidade de San Pedro Sula para exigir a restituição de Zelaya e, na capital, dezenas de estudantes da Universidade Nacional Autônoma de Honduras se envolveram em um confronto com a polícia. As autoridades invadiram o local e dispararam bombas de gás lacrimogêneo durante um protesto dos alunos.Os estudantes faziam um protesto contra a deposição, no dia 28 de junho, do presidente Manuel Zelaya e foram reprimidos com violência pelos policiais.A própria reitora da universidade, Julieta Castellanos, foi vítima da ação da polícia. Ela foi empurrada pelos agentes e caiu no chão quando discursava contra a invasão. Os estudantes atiraram pedras e chegaram a expulsar os policiais, que retornaram com uma ação mais enérgica."A polícia invadiu a universidade e entrou nos prédios. Eu também fui empurrada", disse Castellanos. Entretanto, a reitora reconheceu que alguns restaurantes da universidade foram destruídos pelos estudantes, o que considerou "repudiável".As marchas que tiveram início nesta quarta-feira são organizadas pela Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado, formada por dezenas de organizações civis que, desde que Zelaya foi tirado do poder, mobilizam-se contra o regime de facto, liderado por Roberto Micheletti, nomeado presidente pelo Congresso.Os protestos devem terminar na próxima terça-feira (11), quando os manifestantes terão percorrido um total de 105 km. O Banco Central de Honduras informou nesta quarta-feira que os seguidores de Zelaya começaram a marcar as notas de dinheiro do país com mensagens contra o golpe de Estado.Segundo a instituição, "notas de vários valores têm sido objeto de inscrições políticas vinculadas com os acontecimentos recentes em Honduras", o que está provocando "uma deterioração acelerada das notas", que terão de ser retiradas antecipadamente de circulação.Em um comunicado, o Banco Central hondurenho disse ainda que essa situação causará "fortes danos à economia da nação", porque uma nova emissão de bilhetes "representa fortes gastos fiscais".Entre as mensagens, impressas com selos, estão "Fora Micheletti golpista", "Não ao golpe de Estado" e "Sim à Constituinte".A moeda de Honduras --lempira--, circula nos valores de um, dois, cinco, dez, 20, 50, cem e 500.

Histórico

Zelaya foi deposto nas primeiras horas do dia 28 de junho, dia em que pretendia realizar uma consulta popular sobre mudanças constitucionais que havia sido considerada ilegal pela Justiça. Com apoio da Suprema Corte e do Congresso, militares detiveram Zelaya e o expulsaram do país, sob a alegação de que o presidente pretendia infringir a Constituição ao tentar passar por cima da cláusula pétrea que impede reeleições no país.O presidente deposto, cujo mandato termina no início do próximo ano, nega que pretendesse continuar no poder e se apoia na rejeição internacional ao que é amplamente considerado um golpe de Estado --e no auxílio financeiro, político e logístico do presidente venezuelano, Hugo Chávez-- para desafiar a autoridade do presidente interino, Roberto Micheletti, e retomar o poder.Isolado internacionalmente, o presidente interino resiste à pressão externa para que Zelaya seja restituído e governa um país aparentemente dividido em relação à destituição, mas com uma elite política e militar --além da cúpula da Igreja Católica-- unida em torno da interpretação de que houve uma sucessão legítima de poder e de que a Presidência será entregue apenas ao presidente eleito em novembro --as eleições estavam marcadas antes da crise, e nem o presidente deposto nem o interino são candidatos.No último sábado (1º), Zelaya prometeu retornar ao poder por meios pacíficos e negou que esteja armando grupos de partidários perto da fronteira com a Nicarágua, como foi denunciado pelo governo interino.

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